Os reflexos primitivos surgem no útero, estão presentes no nascimento e devem ser inibidos entre os seis meses e um ano de idade, caso contrário, irão atrapalhar pelo resto da vida.
Quando uma criança nasce, deixa o entorno protetor e calmo do útero da mãe e penetra em um mundo turbulento, onde é surpreendido por assustadores estímulos sensoriais. No começo não consegue interpretar essas novas sensações, às vezes são fortes demais ou muito repentinas. No entanto, apesar de não os compreender e também não compreender as suas próprias reações, ainda assim, terá que se relacionar com eles.
O bebê troca um mundo de equilíbrio por um mundo caótico, a temperatura amena da vida intrauterina, pelo calor e o frio. O alimento já não é mais automático, terá que começar o ato de alimentar a si próprio. O oxigênio já não vem mais do sangue da mãe, deve respirar por si só e deve começar a buscar a satisfação de suas próprias necessidades. Para sobreviver a esta nova grande aventura da vida, será dotado de um conjunto de grandes aliados “os reflexos primitivos”. Desenhados para a autodefesa do novo entorno desconhecido.
Os reflexos primitivos são movimentos involuntários, estereotipados, advindos desde o tronco encefálico e executados sem implicação cortical. Eles são necessários para a sobrevivência do bebê, nas suas primeiras semanas de vida, e servem com um trampolim, um treinamento rudimentar para as muitas habilidades voluntárias posteriores. No entanto, os reflexos primitivos devem ter uma vida limitada, depois de ajudar na sobrevivência do bebê, nos primeiros meses de vida, devem ser inibidos ou controlados por centros superiores do cérebro. Desta forma, proporcionam o desenvolvimento das estruturas neurológicas mais sofisticadas, que por sua vez, permitem que a criança tenha o controle das suas respostas voluntárias.
Se os reflexos primitivos permanecerem ativos depois dos 6 – 12 meses de idade, se tornam reflexos aberrantes, e passam a ser uma evidência de uma debilidade, uma imaturidade estrutural do sistema nervoso central (SNC). Se eles permanecerem ativos, também podem impedir o desenvolvimento dos reflexos posturais posteriores, que devem surgir para capacitar à criança a uma inter-relação eficaz com o seu entorno. Os reflexos primitivos ativos a partir dos seis meses de vida podem resultar em padrões de comportamento imaturos, ou podem induzir a permanência de um sistema imaturo, apesar da aquisição de habilidades posteriores.
Dependendo da permanência e do grau das atividades reflexas aberrantes, pode afetar a uma ou a todas as áreas de funcionamento, não apenas a coordenação vasomotora grossa e fina, mas também a percepção sensorial, a cognição e as vias de expressão. O equilíbrio, essencial e fundamental para a aprendizagem, será ineficiente, apesar de uma capacidade intelectual adequada. É como se as habilidades posteriores permanecessem atreladas a um estado de desenvolvimento anterior, ao invés de passar a serem automatizadas, só podem ser controladas por conta de um grande esforço consciente e contínuo.
A inibição de um reflexo primitivo, frequentemente se relaciona com a aquisição de uma nova habilidade. Por tanto, se houver um grupo de reflexos primitivos presentes, podemos dizer que existe um atraso no desenvolvimento neural que afetará na relação da criança com seu entorno e, diretamente no seu aprendizado. Nestes casos, a criança somente será capaz de ter uma melhora em longo prazo, depois de seguir um programa de estimulação/inibição de reflexos, feito especificamente para que ele possa inibir os reflexos aberrantes, todavia presentes e, consequentemente, proporcionar uma melhor organização neurológica e melhorar o seu potencial cognitivo.
“TODAS AS CRIANÇAS DEVEM REALIZAR UMA AVALIAÇÃO OPTOMÉTRICA COMPORTAMENTAL, PRINCIPALMENTE NO INÍCIO DA SUA VIDA ESCOLAR”.